Roteiro Completo Mochilão América do Sul
Salar de Uyuni, Bolívia – Parte 1
Mochilão feito entre 27/12/2013 e 18/01/2014.
Você já fez a viagem do seu sonho? O mochilão era a minha desde os meus 15 anos. Ela foi muito sonhada, planejada e, enfim, chegou o momento. Então, quero compartilhar com você essa minha experiência em meu primeiro mochilão.
Eu achei melhor dividir a viagem em 3 partes e cada parte terá um foco. Assim, a parte 1 será o Salar de Uyuni na Bolívia, a 2 o Deserto de Atacama e, por último, Machu Picchu.
Os meus companheiros de viagem foram minha querida amiga Francielli de Florianópolis-SC, meu amigo Rafael de Piracicaba-SP e meu namorado Paul (que se juntou ao grupo no Chile dia 04/01/14).
Informações Gerais da Viagem
Os meios de transportes utilizados foram ônibus; o “Trem da Morte” na Bolívia; táxi em pequenos trechos e avião (de Campo Grande-MS até Campinas-SP). Aliás, as passagens de ônibus foram quase todas compradas na hora, sem planejamento. Apenas o trecho Piracicaba-SP a Corumbá-MS foi comprada antecipadamente.
O mesmo para a hospedagem, assim que meus amigos e eu chegávamos na cidade a primeira coisa era procurar o hostel.
A moeda que mais utilizei para pagar os passeios foi o dólar porque era o melhor câmbio. mas vale a pena buscar dicas atuais sobre esse assunto. Além do dólar em espécie, eu também fiz um cartão da Confidence Câmbio e ele me ajudou porque era possível sacar com facilidade em quase todas as cidades.
Por fim, sobre o consumo de água, tome muito cuidado! Beba apenas água comprada no mercado, nunca da torneira. Evite comer também comida como caldos e sopas porque nos restaurantes eles usam água da torneira.
O que levar na mochila?
Eu vou contar aqui um pouco o que tinha no meu mochilão: para calçados eu levei apenas um chinelo, um tênis de caminhada velho e uma bota de trilha. Para as temperaturas baixas mas montanhas, eu levei blusa e calça térmica e um casaco.
Lembrando que eu fiz essa viagem em dezembro e janeiro e no hemisfério sul é verão, então, roupas leves como legging, shors e blusas de algodão.
O começo da viagem

Enfim, no dia 27/12/2013 o ônibus partiu para Campo Grande-MS com a Companhia Andorinha e viajamos durante a noite. No dia seguinte, esperamos a conexão para Corumbá-MS e viajamos durante o dia e eu me lembro do forte calor que fazia na região (dia 28/12).
Em Corumbá, a hospedagem foi num um hotel simples próximo da rodoviária e mais tarde fomos a um barzinho pra dar aquela relaxada.

Na manhã seguinte (29/12) pegamos um ônibus para a fronteira entre Corumbá-MS, Brasil e Puerto Quijarro, Bolívia.

Depois da passagem pelos dois países, nós trocamos um pouco de real por boliviano. Entretanto esse foi o único lugar que fiz essa troca de real (R$) para outra moeda.
O “trem da morte”
Depois da fronteira pegamos um táxi até a estação de trem para comprar a passagem para Santa Cruz de La Sierra com a companhia Expresso Oriente (“Trem da Morte”), mas os guichês de venda estavam fechados. Infelizmente, assim que abriu nós descobrimos que não havia mais passagens à venda. Eu lembrei que li na internet que isso poderia acontecer e que haviam cambistas vendendo-as, mas não havia sinal deles.
E agora? Ficamos na estação uns minutos e finalmente vimos um homem que estava circulando por ali. Meu amigo Rafael foi falar com ele e o homem pediu para que voltássemos na hora do embarque. Não era garantido que íamos conseguir as passagens, mas decidimos arriscar porque, se algo desse errado, ainda tinha a opção de ir com ônibus.

Por fim, na hora do embarque nós esperamos todos os passageiros entrarem, o homem apareceu e nos deu um sinal para esperar até a hora que ele chamasse. Depois, um policial que estava com ele pegou nossos documentos e entramos no trem.
Arriscado? Eu acho que foi, mas essa foi nossa escolha. Depois da partida o policial veio cobrar as passagens e devolver os documentos. Isso custou 10 bolivianos a mais por passagem que o normal. Afinal, não sei o quanto o primeiro homem ganhou com isso ou se o policial ficou com a maior parte do dinheiro.
Eu achei interessante contar essa história porque não aconteceu exatamente como eu li em outros blogs na Internet. Contudo, estávamos no trem e eu fiquei muito feliz. Eu também li que Puerto Quijarro é perigosa, então se você precisa passar a noite por aquela região melhor dormir em Corumbá.

Por que trem da morte?
Segundo a revista Mundo Estranho, “o apelido nasceu no século passado, quando a composição foi usada para transportar leprosos, doentes e corpos das vítimas de uma grave epidemia de febre amarela que se abateu sobre a região de Santa Cruz. Além disso, naquela época, a ferrovia não estava em suas melhores condições e descarrilamentos eram comuns, o que contribuiu para reforçar a má fama do trem.”

O trem Expresso Oriente faz algumas paradas e você pode comprar comida. Há também pessoas que ficam do lado de fora fazendo um churrasquinho e vendedoras também entram no trem para vender empanadas e outras comidas caseiras. Eu lembro que compramos um salgado que parecia um pão-de-queijo grande e era gostoso demais.
Santa cruz de la Sierra
No dia 30 de dezembro, chegamos em Santa Cruz de la Sierra e a primeira coisa que fizemos foi comprar a passagem de ônibus para Sucre no terminal onde o trem nos deixou.


Depois pegamos um táxi e fomos ao mercado Los Pozos, mas mão comemos ali porque achamos o lugar sujo. Então, encontramos restaurante na mesma rua e estava delicioso.



O caminho para Sucre
No fim da tarde voltamos para a rodoviária e pegamos o ônibus para Sucre, a 17 horas de Santa Cruz. Infelizmente o nosso ônibus não tinha banheiro e isso é normal a Bolívia, então aproveite para ir ao banheiro em toda parada.



Enfim, chegamos em Sucre na manhã do dia 31/12 e infelizmente não tínhamos tempo para visitar essa cidade que é uma parada de muitos mochileiros, assim como Potosí que passamos direto. Dessa forma, em Sucre apenas trocamos de ônibus e mais aproximadamente 9 horas estávamos em Uyuni.
Enfim Uyuni
No último dia do ano estávamos em Uyuni, uma cidade pacata e depois de deixar as mochilas no hostel, procuramos uma agência para comprar a excursão do Salar de Uyuni para o próximo dia.

Uyuni não tem nada pra fazer, então no máximo só passe a noite. Essa cidade é fria pela noite, foi quando comecei a usar minhas roupas mais quentes.

No dia 1 de janeiro de 2014 partimos muito cedo para os 3 dias de excursão e nós optamos pelo tour que nos deixava na fronteira com o Chile no terceiro dia.
O carro da excursão é um Jeep 4×4 para o máximo de 7 pessoas e no nosso estavam o guia, eu e meus 2 amigos, uma menina colombiana e um casal da Escócia.
Se você quer viajar pelo Salar de Uyuni com seu próprio carro, caminhonete, moto, etc. CUIDADO. O Salar é um deserto e você pode se perder. GPS? Não funciona (informação dada pelo nosso guia). Uns meses antes dessa nossa viagem uma família se aventurou pelo Salar e ficaram 4 dias perdidos.
O que levar para o Salar de Uyuni?
- Leve muita água, o suficiente para 2 dias e meio. Nessa excursão é incluso as refeições, mas não a água que você toma durante o dia. E também papel higiênico porque as vezes não tem nas paradas e no hostel.
- Super importante: no Salar leve um óculos de sol, porque se você não tiver vai sentir dificuldade de ficar com o olho aberto, é claro demais.
- Outras coisas essenciais são protetor solar, protetor labial e hidratante (se você tem a pele seca como eu, abuse do hidratante).
- Nos dois hostels tinham cobertores e eu não senti necessidade de levar saco de dormir. Todavia, eu aconselho você buscar aqui mais informação para decidir.
- Em vários mercadinhos das cidades tem a folha da coca para vender. Eu usei no segundo dia da excursão quando estávamos na região dos vulcões e geisers. Para usá-la da maneira correta, você deve enrolar algumas folhas e colocar no fundo da boca pressionando com os dentes. O líquido saíra, aliviando a dor de cabeça causada pela altitude.
- E o mais importante: converse com seu guia, pois ele sabe TUDO sobre o Salar.
Primeiro dia da Excursão
Cemitério de Trens e Feira de Artesanato

A primeira parada do roteiro é o Cemitério de Trens e resumidamente, as locomotivas começaram a ser desativadas nas primeiras décadas do século XX, provavelmente pela combinação de alguns acontecimentos como a escassez de minérios, a Crise de 1929 e a perda da terra para o Chile que dava acesso ao mar. Desse modo, os trens foram abandonados perto da cidade de Uyuni, na alta planície Andina.



Salar de Uyuni e Ilha del Pescado
Depois da feira de artesanatos começamos a ver as mais lindas paisagens, como você pode ver abaixo.



Nós também fizemos uma parada na Ilha del Pescado para conhecer e almoçar (que estava incluso no passeio). É o guia que esquenta a comida e serve os pratos.




Depois do almoço fizemos mais uma parada para fotos e nos despedimos do Salar para seguir em direção ao hotel de sal. Sim, hotel era de sal!

Foi uma experiência única se hospedar nesse lugar. Tudo muito aconchegante e a comida bem caseira e deliciosa. No final desse dia a viagem já tinha valido a pena.

Segundo dia da Excursão
O café da manhã também estava incluso e foi nossa despedida no hotel de sal e então, no dia 2 de janeiro partimos para o segundo dia da excursão.
Assim, nesse dia nós visitamos lagunas, vulcões e geisers. Sinceramente eu não lembro do nome de tudo, então não vou nomeá-los para não dar informação errada.




Nessa parte da viagem eu usei a folha de coca por causa da dor de cabeça quando estávamos em altitude de aproximadamente 4.900 metros e a dor é causada pela dificuldade do nosso corpo em absorver oxigênio. Eu li que os medicamentos ‘dramim’e ‘meclin’ ajudam nesse caso, mas preferi usar a folha de coca que era natural.


O cheiro de enxofre no geirser Sol da Mañana era bastante forte e fazia muito frio. Eu não entrei na piscina natural porque tinha pouco tempo e ainda estava com um pouco de dor de cabeça.
Porfim, depois dos geisers nós seguimos para o hostel e esse não era tão especial quanto o outro e também não podia tomar banho, mas teve jantar e cafe-da-manhã que estavam ótimos.
Terceiro dia da Excursão
O passeio do dia 3 foi apenas para nos deixar na fronteira com o Chile e eu não lembro quais paradas fizemos aquela manhã. Então, aqui nos despedimos temporariamente da Bolívia.
Ao chegar na fronteira, um ônibus nos levou para Atacama no Chile e o nosso Jeep retornou para Uyuni com o guia e o casal de escoceses.
Pra terminar, a parte 2 contará tudo sobre o deserto do Atacama e aqui deixo meu profundo agradecimento aos meus amigos Fran e Rafa pela companhia nessa aventura! Melhor viagem <3
Se você tem mais dicas deixe aqui nos comentários ou se está fazendo essa viagem me marque nas fotos do Instagram com #depira para que eu possa vê-las!
Eu vejo você na próxima aventura!
Natalia
Muitas dicas interessantes.
Uma viagem dessa precisa ser bem organizada , e essas dicas pontuais, são muito válidas, para não passar aperto.
A dica de ter uma mochila pequena, enquanto a maior vai no Jeep ou a dica do cuidado do tipo de água que vai beber!
Adorei!
Que bom que você achou informativo Amanda! Apesar de eu ter feito essa viagem no final de 2013 tentei lembrar esses detalhes que acho super importante! 🙂