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Auschwitz-Birkenau

Auschwitz-Birkenau

Como visitar o Museu Auschwitz-Birkenau

Porta principal. “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”).

“Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo” George Santayana. Essa foi a frase que ficou na minha cabeça durante toda essa viagem e, por mais triste e horrenda que sejam alguns capítulos históricos, é necessário lembrar e conhecer a verdade.

Assim, quero te convidar a fazer essa viagem comigo, porém começando com algumas informações importantes sobre a Polônia.

Informações gerais da viagem

Essa  viagem eu fiz entre os dias 27 de maio e 02 de junho de 2017, com duas amigas espanholas (uma delas é a mesma do Budapeste). Assim, esse post será o primeiro de quatro sobre a Polônia, o segundo será Cracóvia, o terceiro Breslávia e por fim a capital Varsóvia.

Clima

O fato é que a Polônia pode ser muito fria e, conversando com os guias, descobri que fazer -20°C, ou seja, um inverno muito rigoroso. Portanto, vale a pena pesquisar sobre do clima do país e planejar o que mais te agrada.

Por fim, escolhi a primavera porque as temperaturas são agradáveis. Além disso, não é férias no hemisfério norte, então as passagens são mais baratas.

Dia quente em Auschwitz

Entretanto, o destino nos pregou uma peça e vivemos nessa viagem uma onde de calor na Europa, mas sempre melhor calor que frio!

Hospedagem

Eu não vou dar dica de hospedagem em Cracóvia porque infelizmente a reserva que fizemos do Booking.com não valeu de nada. Assim, quando chegamos no hostel para o check-in, a recepcionista disse que não havia vaga.

Com efeito, o que mais me deixou chateada é que ela não nos ajudou em nada. Ele se chama Rasta Hostel, porém NÃO faça reserva com eles! Eu usei muito o Booking.com em 2013 e nunca tive problemas, mas nessa viagem tive muita decepção.

Passagem e moeda local

A passagem de ida foi €27,00 com a Ryanair desde Eindhoven (Países Baixos) até Cracóvia. No aeroporto, peguei um trem que custou 9 zlótis (≈ €2,25) até o centro. Há também ônibus que é um pouco mais barato, porém demora mais.

A moeda polonesa é o zloty, mas deixe para fazer o câmbio na cidade porque é mais vantajoso. Se possível, não faça isso no aeroporto porque você perderá dinheiro. A cotação que eu usei aqui foi 1€ = 4 zlótis, que é da época da viagem (maio/junho de 2017).

Como chegar no Museu Auschwitz-Birkenau?

O ônibus para Auschwitz sai da estação central (colocar Kraków bus station no Google maps), que fica do lado da estação central de trem. A passagem é paga diretamente ao motorista, 4 zlótis (≈ €3,50) por trecho e a viagem é de aproximadamente 1 hora e 25 minutos. Se possível fique atento aos horários da volta, sempre tem muito turista e por isso, o ônibus fica cheio rápido.

Onde comprar a entrada para Auschwitz-Birkenau?

Eu comprei a entrada on-line e o valor foi de € 11,00. O idioma escolhido foi espanhol, mas no site você tem mais opções.

Sobre o tour em si, eu gostaria de enfatizar que a nossa guia era muito boa, pois apesar do clima triste do passeio, ela explicou tudo com muita clareza e cuidado.

Guia

Por fim, a duração da visita são de 3 horas, então reserve mais que meio dia. Em suma, o meu dia foi: das 8:45 até 10:05 ônibus até Auschwitz; 10:45 até 12:40 tour em Auschwitz I; 13:00 até 14:00 tour em Auschwitz II – Birkenau; 14:15 até 15:55 ônibus de volta à Cracóvia (tinha trânsito então a volta demorou mais).

Porque visitar Auschwitz?

Eu estou com muita dificuldade de escrever sobre esse assunto, então serei muito breve na explicação (do porquê) da minha visita no Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau.

A História é um dos fatores que me motiva em viagens. Desse modo, ler livros sobre coisas que aconteceram no passado e ter a oportunidade de vê-las pessoalmente é um privilégio para mim.

Contudo, infelizmente há acontecimentos inexplicáveis e imperdoáveis que foram feitos pelos homens. Então, visitar um local onde morreram cruelmente muitas pessoas foi muito difícil. Alguns me disseram que não tem coragem de ir, mas eu quis fazer essa visita para levar meus sentimentos ao povo judeu e todos os outros prisioneiros perseguidos.

“Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo” George Santayana

Assim sendo, você não me verá nas fotos abaixo porque não tem como sorrir para um flash ou abraçar minhas amigas para tirar uma foto num local com esse passado. Você entende o que quero dizer? Eu vi um casal sorrindo para uma foto em uma parede onde prisioneiros eram fuzilados pelos nazistas!

Por favor, respeito em primeiro lugar. Essa página mostra turistas sem noção. Campo de concentração, memoriais, etc é lugar de respeito.

Como tudo começou…

KL Auschwitz foi criado em 1940 e, no princípio, ali se encontravam apenas prisioneiros políticos polacos. Com o avançando territorial dos nazistas, foram levaram para lá pessoas de toda a Europa, em sua maioria judeus, mas também ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos.

Cerca de arame farpado no campo de concentração de Auschwitz I

Trens de muitos lugares chegavam com tchecos, iugoslavos, franceses, austríacos, alemães, polacos, etc. Alguns desses trens podia até percorrer 2.400 quilômetros. As pessoas eram colocadas em vagões de mercadoria totalmente fechados e sem receber nenhuma comida. Além disso, essa viagem podia durar de 7 a 10 dias.

Enfim, quando as portas dos vagões se abriam, algumas pessoas já estavam mortas, principalmente crianças e idosos. Por fim, os sobreviventes à viagem eram escolhidos pelos médicos da SS (termo alemão que significa Schutzstaffel, “esquadrilha de proteção”) nas plataformas de chegada.

Antiga plataforma

Assim, apenas as pessoas com “capacidade de trabalhar” permaneciam e os outros eram levados diretamente para a câmara de gás. Por isso, é difícil dizer exatamente quantas pessoas chegaram. Contudo, a maioria dos historiadores estima que o número total de vítima foi de aproximadamente um milhão e meio.

Mão-de-obra escrava

Antes de seu funcionamento, a área do campo de concentração de Auschwitz era um antigo quartel abandonado do exército polonês e afastada da cidade. No total, eram 20 edifícios, entre os quais 14 térreos e o restante com dois andares.

Entre 1941-1942, os prisioneiros construíram segundos andares nos 14 edifícios térreos e construíram 8 novos. Na foto abaixo você vê claramente a linha na parede, sinalizando onde termina o piso térreo e começa o segundo andar.

Olhe na linha acima da porta
O edifício que você vê acima fica no KL Auschwitz, onde começa o tour. O KL Auschwitz II – Birkenau fica a 3 quilômetros e é onde estavam as câmaras de gases e a plataforma ferroviária por onde chegavam os deportados. Todo esse trajeto é feito durante o tour.

As câmaras de gás

Como eu disse anteriormente, as vítimas que não eram escolhidos pelos médicos da SS eram levados para uma câmara de gás, porém essas pessoas pensavam que iam tomar banho. Assim, os soldados ordenavam que eles tirassem a roupa e os encaminhavam para uma sala subterrânea.

Entrada da câmara de gás

E, realmente essa sala parecia um enorme banheiro com chuveiros, mas quando a porta se fechava eram lanchados pelos buracos dos “chuveiros” o gás Zyklon B, que os matavam entre 15 e 20 minutos. Uma câmara de gás era feita para aproximadamente 2.000 pessoas e eram necessários de 5 a 7 quilos de Zyklon B para matá-las.

Latas de Zyklon B

A vida dos prisioneiros

Alguns prisioneiros que chegavam a KL Auschwitz trabalhavam no campo e outros na construção de novas estradas e em sistemas de drenagem, sem direito a descansos e sujeitos a golpes constantes dos vigilantes da SS. Além disso, nem se quer comiam direito para aguentar esse sofrimento e, por consequência, morriam por desnutrição.

Assim sendo, no total de um dia recebiam entre 1.300 a 1.700 calorias: o café da manhã era apenas café ou uma infusão de ervas; no almoço uma sopa quase sempre preparada com legumes, que muitas vezes estavam podres; e na janta 300 a 350 gramas de um pão negro com 20 a 30 gramas de salsicha ou manteiga ou queijo.

Fotografias mostrando a desnutrição

Como se tudo isso não bastasse, as doenças e epidemias também eram constantemente presentes num ambiente com falta higiene básica. As roupas íntimas dos prisioneiros eram trocadas em intervalos semanais ou até mensal! A roupa de cima não era trocadas nunca e muito menos os protegiam do frio. Desse modo o aparecimento da sarna e o tifo exantemático e abdominal (doença epidêmica transmitida por parasita) eram constantes.

Roupas dos prisioneiros

Por fim, as noites de sonos deles eram as piores possíveis, geralmente, em uma sala que onde cabiam 40 a 50 pessoas, dormiam 200. Havia também barracões que tinham “camas” de três níveis (ver foto abaixo) e cada “cama” era para duas ou mais pessoas. As cobertas eram sempre sujas e rasgadas, que não os protegiam de um inverno que poderia chegar a -30 graus.

“camas”

O fim

Finalmente, em janeiro 1945 os soviéticos liberaram Auschwitz, mas infelizmente quando eles chegaram, os nazistas já haviam retirado a maioria dos prisioneiros na conhecida “marcha da morte” rumo ao oeste alemão.

Os soldados da SS também tentaram destruir o crematório e parte do campo de concentração para esconder as evidências do extermínio em massa. Entretanto, o Exército Vermelho (soviéticos) encontraram muitos judeus ainda vivos e muito fracos, sendo a prova de tudo que aconteceu naquele lugar.

Ruínas de um do crematório destruídos pelos nazistas

Por último, quero informar que todas essas informações você terá nesse tour e muitas outras também. Na próxima postagem eu falarei sobre Cracóvia.

Se você já fez essa visita e tem mais dicas ou alguma dúvida, por favor deixe nos comentários!

Até breve!
Natalia

6 thoughts on “Auschwitz-Birkenau

  1. Acabei de voltar de uma viagem e já estou pensando na do fim desse ano! E Polonia, graças ao seu post, está me chamando atenção. Já visitei dois campos de concentração na Alemanha e por mais que não seja uma visita divertida, acho sim uma bela oportunidade de conhecer as atrocidades humanas e lutar pra que elas não voltem a acontecer! Quero muito visitar Auschwitz, não será fácil, mas acho importante! E concordo com vc: o que me motiva a viajar é a história de cada lugar!

    1. Caroline, eu adorei visitar a Polônia, é uma terra de muita cultura rica! Que bom ler seu comentário, espero que sua viagem seja maravilhosa. E sim, visitar Auschwitz é difícil, porém como você mesma disse temos que lutar pra que isso não ocorra novamente.

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